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IBAP

Literatura e Ecologia na América Latina - Prazo: 30/8

Sob coordenação dos professores Guilherme José Purvin de Figueiredo e Ricardo Afonso Lucas Camargo, ambos integrantes do IBAP, Júlio César Suzuki (FFLCH-USP) e Adriana Carvalho Silva, o IV Simpósio Internacional Pensar e Repensar a América Latina e o II Congresso Internacional Pensamento e Pesquisa sobre a América Latina, do Programa de Pós-Graduação – Integração da América Latina, da Universidade de São Paulo, será realizado o Seminário de Pesquisa sobre Literatura e Ecologia na América Latina.


As submissões serão aceitas até dia 30/08 e são muito simples de fazer, basta acessar o link https://www.even3.com.br/pensar-e-repensar e seguir os seguintes procedimentos:

1.    Entrar na página geral do evento

2.    Entrar em “Resumo” para verificar as regras e identificar os Seminários de Pesquisa disponíveis

3.    Entrar em “Realizar submissão”

4.     Clicar em “Submeter”

5.     Comprar a submissão (para que o site organize os Anais de forma automática)

6.    Enviar o resumo.

Caso tenha alguma dúvida, estamos sempre à disposição, envie mensagem para o endereço pensarerepensaraamericalatina@gmail.com.



Ementa do Seminário de Pesquisa: É possível falar na existência de uma tradição ecológica e socioambiental na literatura latino-americana? Como se dá a incorporação da biodiversidade da América Latina em obras literárias, como paisagem, objeto de apropriação capitalista ou como agente histórico? A justiça socioambiental, as mudanças climáticas, a proteção da biodiversidade e a herança colonialista se acham presentes em obras dos Séculos XX e XXI. Importa pesquisar quais autores e obras utilizam efetivamente a biodiversidade da América Latina ou registram as mazelas ambientais não apenas como cenário, mas como sujeito ativo, influenciando os acontecimentos nas vidas das personagens humanas. A América Latina é uma região extremamente rica em biodiversidade, mas também pródiga em injustiça social. Relatórios e publicações da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), do Banco Mundial, da FAO, da Conservation International (CI) e do World Wide Fund for Nature (WWF) vêm apontando que biodiversidade na América Latina corresponde a 40% do total mundial. Essa riqueza biológica é impulsionada pela presença de diversos ecossistemas, incluindo a Floresta Amazônica, maior floresta tropical do mundo, do Pantanal, o Cerrado, da Mata Atlântica, dos Andes, e da região do Chocó, entre outros. A alta biodiversidade tem um valor também para os serviços ecossistêmicos que proporciona, como regulação do clima, purificação da água, e fornecimento de recursos naturais essenciais para as populações locais. Por outro lado, as cidades na América Latina sofrem com a violência urbana em áreas degradadas, com altos níveis de poluição do ar devido à queima de combustíveis fósseis, emissões industriais e veiculares. Em cidades como a do México e São Paulo persiste a poluição do ar, afetando a saúde das populações locais. Derramamentos de óleo e a mineração legalizada causam mega desastres destruindo ecossistemas inteiros, inclusive marinhos (cf. Mariana e Brumadinho). Já a mineração ilegal tem causado contaminação dos rios por mercúrio, morte de peixes e danos irreversíveis para a saúde das populações ribeirinhas e povos originários na região amazônica (peruana, brasileira, venezuelana), afetando as comunidades indígenas e a vida selvagem. Países como Colômbia, Guatemala e Venezuela enfrentam desastres naturais recorrentes, como deslizamentos de terra e inundações, que causam perdas de vidas humanas, danos à infraestrutura e impactos ambientais. Deslizamentos de terra na Colômbia e na região serrana do Rio de Janeiro resultaram em centenas de mortes e deslocamentos. No momento, o Rio Grande do Sul enfrenta uma tragédia ambiental de proporções inéditas. É impossível dissociar a natureza da cultura. Escritores, compositores populares, cineastas latino-americanos têm se inspirado na biodiversidade exuberante em suas obras de ficção. Os diversos ecossistemas, frequentemente aparecem como elementos centrais ou como pano de fundo nas narrativas literárias e jurídicas. Para a construção de um corpus ecocrítico, é relevante lembrar não apenas de produções artísticas (romances, poemas, canções, filmes), mas também o imaginário constitucional sobre meio ambiente, em particular o novo constitucionalismo andino e a introdução do conceito de “Pacha Mama”. As tragédias na mineração, os latifúndios, a destruição da biodiversidade, o desapossamento de territórios indígenas constituem temas que vêm sendo incorporados às narrativas literárias, refletindo a complexidade socioambiental da América Latina.

A hipótese de pesquisa apresentada é de que o estudo ecológico da literatura produzida na América Latina exige uma abordagem não exclusivamente ambiental, mas também, necessariamente, social, trazendo à tona questões como raça, gênero e colonialismo. É preciso sondar as origens remotas do colapso ambiental, o que passa pela questão do genocídio indígena, do patriarcalismo e do escravismo, heranças do colonialismo europeu.


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